O Auto da Barca do Inferno
- Nadaf
- 19 de out. de 2015
- 3 min de leitura

Como é de costume do autor, ele em sua obra “o auto da barca do inferno” tece severas críticas a sociedade de sua época com um olhar de cunho moralista, baseado em princípios cristãos, a história se passa em um porto onde estão ancoradas duas barcas, uma destinada ao inferno e a outra ao paraíso, uma comandada pelo diabo e outra por um anjo, os quais iriam julgar aqueles que os acompanhariam na viagem.
Em ordem, chega um fidalgo representando o luxo e a nobreza, o diabo logo o convida a entrar na barca, ele hesita e alega que há muitas pessoas rezando por ele, clama ao anjo o qual o recusa então ele se dirige a barca do diabo tentando negociar com ele um encontro com sua amada e também tem seu pedido negado.
Logo em seguida chega o onzeneiro, uma espécie de agiota, tenta dialogar com o anjo para poder entrar na barca do paraíso, é recusado pois era representante da ganância e avareza, vai ao diabo na tentativa de poder voltar para buscar toda sua fortuna e seu pedido é negado seguindo viagem ao inferno.
Então chega o parvo, representante da tolice e inocência, teve uma vida de muita simplicidade, o diabo tenta convencê-lo a entrar em sua barca, quando ele percebe pra onde é destinada a barca, corre para a barca do paraíso a qual é aceito.
Complicação
É considerada a complicação da obra a parte do sapateiro entra porque acaba causando surpresa, onde ele chega com todos seus instrumentos de trabalho se julgando inocente e trabalhador, tudo aponta que ele iria para o céu, porem é condenado ao inferno pois roubava seus clientes. Mostrando que não só as camadas mais altas da sociedade estão passiveis do inferno.
Logo em seguida entra o frade, que se dirige a barca do paraíso acompanhado de sua amante, se garantindo por conta de seu posto na igreja, é condenado por falso moralismo religioso ao inferno.
Então entra a alcoviteira, com uma tentativa de suborno ao anjo, onde oferecia seiscentos virgos postiços que seriam virgens, isso a acusa de prostituição e bruxaria e ela se dirige a barca do inferno.
Clímax
O clímax da história se dá com a chegada do judeu, acompanhado de seu bode, sendo recusado tanto pelo anjo quanto pelo próprio diabo, não poderia entrar em contato como anjo pois não aceitava o cristianismo, então convence o diabo a leva-lo, o diabo impõe a condição de que ele fosse rebocado pela barca.
Essa maneira de tratar sobre o judeu foi influenciada por um contexto histórico vivido em Portugal, que foi quando os Judeus foram expulsos de Portugal e suas colônias, então como a obra era um retrato da época isso teve que está implícito.
Após o judeu, chegou o poder judiciário, um procurador e um corregedor, com seus papeis e processos tentando argumentar sua defesa e consequentemente sua entrada no céu, contudo são acusados de mau uso do poder das leis e são encaminhados para o inferno.
Desfecho
Se dá com a chegada dos últimos passageiros, quatro soldados que lutaram nas guerras em favor da igreja católica e nessas batalhas pereceram, o anjo os recebe e perdoa todos seus pecados, logo em seguida as barcas partem, cada uma para seus destinos previamente traçados.
Personagens
Fidalgo – representava os nobres ociosos de Portugal;
Onzeneiro – personificação da usura e a classe agiota;
Parvo – representa a nação portuguesa, rude e ignorante, porem tementes a Deus;
Frade – mau da classe clerical;
Alcoviteira – degradação moral e feitiçaria popular;
Judeu – paganismo, aquele que não segue o cristianismo;
Corregedor e procurador – a burocracia jurídica;
Quatro cavaleiros – representam o fato histórico das cruzadas.
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